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xoves, marzo 19, 2009

França paralisada pela greve mais popular de sempre

78% dos franceses dizem que a segunda greve geral do ano tem boas razões que a justificam. Foto hdec/Flickr

Esta quinta-feira tem lugar em França a segunda greve geral em menos de dois meses. Os sindicatos reivindicam mais apoio ao emprego e ao poder de compra da população e as sondagens indicam o apoio massivo do país aos grevistas. As mais de 200 manifestações previstas vão juntar milhões de trabalhadores nas ruas, mas o governo avisa que não aumentará o pacote de ajudas às vítimas da crise e do desemprego.

Ao início do dia, as complicações já afectavam o sistema de transportes com o aeroporto de Orly a anular um terço dos voos e os ferroviários a anunciarem uma adesão semelhante à da última greve. Os atrasos e complicações nos transportes estendem-se às principais cidades.

Os trabalhadores da Caterpillar de Grenoble ocuparam a fábrica em protesto contra o anúncio do despedimento de 733 trabalhadores e os mil trabalhadores da fábrica Continental em Clairoix, ameaçada de encerramento e que se tornou num dos símbolos da crise, desfilaram em protesto logo pela manhã.

A grande mudança em relação a anteriores protestos é o clima de apoio ao protesto que atravessa a sociedade. Numa sondagem publicada pelo jornal Liberation, 62% dos inquiridos (e 42% dos eleitores de Sarkozy) dizem-se "solidários" com a greve. Quando a pergunta é se os motivos justificam a greve, o apoio sobe para 78% (53% dos apoiantes do partido do governo).

A crise e o desemprego que afectou mais 90 mil franceses só em Janeiro - o dobro do mês anterior - estão a fazer soar as campainhas de alarme na sociedade francesa. Depois da greve geral de 29 de Janeiro, que juntou mais de um milhão nas manifestações de protesto, o governo Sarkozy apresentou um pacote de ajuda de 2,6 mil milhões de euros, por entre benefícios fiscais e medidas parcelares de apoio ao emprego. Mas na véspera do novo protesto, o governo de direita fez questão de dizer que não irá ampliar a ajuda às vítimas da crise. Mas o pacote é insuficiente para estabilizar a economia e o emprego, pelo que os sindicatos insistem em que não devem ser os trabalhadores a pagar a crise. Nas últimas semanas, a notícia do despedimento de 555 trabalhadores da petrolífera Total, pouco depois da empresa ter apresentado lucros de 13,9 mil milhões de euros, incendiou ainda mais os ânimos dos franceses e fez aumentar o apoio aos grevistas.

O protesto social não é exclusivo dos trabalhadores e mesmo entre estes, a novidade é a forte adesão do sector privado, tradicionalmente avesso às greves nacionais convocadas pelos sindicatos. Desta vez, os trabalhadores do sector automóvel e de outras grandes empresas privadas vão engrossar ainda mais as manifestações. Também as faculdades francesas estão há meses a protestar contra a reforma do ensino superior, com metade das universidades do país em greve nos últimos dias.

Os líderes da oposição de esquerda estarão presentes na manifestação de Paris, com o PS representado pelo presidente da Câmara Bertrand Delanoe. Também Olivier Besancenot, do Novo Partido Anticapitalista, desfilará junto dos carteiros de Hauts-de-Seine antes de se juntar ao cortejo do partido. A secretária-geral do PCF Marie-George Buffet e o líder do Partido de Esquerda Jean-Luc Mélenchon, estarão juntos na manifestação, tal como nas próximas europeias. A lista Europe-Ecologie, que junta Daniel Cohn-Bendit a José Bové, também integrará o protesto desta quinta-feira.

19-Mar-2009

Fonte: Esquerda - Boletim 22 de Março de 2009
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