Amosando publicacións coa etiqueta Haití. Amosar todas as publicacións
Amosando publicacións coa etiqueta Haití. Amosar todas as publicacións

sábado, xaneiro 23, 2010

Defender a democracia


Aristide quer retornar ao seu país, algo que a maioria dos haitianos reivindica desde o seu derrube. Mas os EUA não o querem ali. E o governo Preval, que é completamente dependente de Washington, decidiu que o partido de Aristide - o maior do Haiti - não será autorizado a concorrer às próximas eleições.
Por Mark Weisbrot, publicado originalmente na Folha de S. Paulo, 19 janeiro 2010.

Muito tempo antes do terremoto, a situação do Haiti já era comparável à de muitos sem-abrigo nas ruas de grandes cidades dos EUA: pobres demais e negros demais para ter os mesmos direitos concretos que outros cidadãos.

Em 2002, quando um golpe militar que teve o apoio dos EUA afastou temporariamente o governo eleito da Venezuela, a maioria dos governos no hemisfério reagiu rapidamente e ajudou a forçar o regresso do governo democrático. Mas, dois anos mais tarde, quando o presidente haitiano democraticamente eleito, Jean-Bertrand Aristide, foi sequestrado pelos Estados Unidos e levado de avião para o exílio na África, a reação foi fraca.

Diferentemente dos dois séculos de saque e pilhagem do Haiti desde a sua fundação graças a uma revolta de escravos em 1804, da ocupação brutal por fuzileiros navais dos EUA entre 1915 e 1934 e das incontáveis atrocidades cometidas sob ditaduras auxiliadas e apoiadas por Washington, o golpe de 2004 não pode ser relegado ao esquecimento, visto como nada mais que "história antiga". Aconteceu há apenas seis anos e é directamente relacionado ao esforço de ajuda e reconstrução que o presidente Obama está a propor agora.

Os Estados Unidos, ao lado de Canadá e França, conspiraram abertamente durante quatro anos para derrubar o governo eleito do Haiti, cortando quase toda a ajuda internacional ao país com o objectivo de destruir sua economia e torná-lo ingovernável. Conseguiram.


Foto: Jean-Bertrand Aristide, durante unha rolda de prensa en Johannesburgo, o 15 de xaneiro de 2010

Para aqueles que se indagam por que não existem instituições governamentais haitianas para ajudar aos esforços de socorro e ajuda às vítimas do terremoto, essa é uma das grandes razões. Ou o porquê de haver 3 milhões de pessoas amontoadas na área atingida pelo terremoto.

A política dos EUA ao longo dos anos também ajudou a destruir a agricultura haitiana, por exemplo, ao forçar a importação de arroz americano subsidiado e eliminar milhares de plantadores de arroz haitianos.

O primeiro governo democrático de Aristide foi derrubado após apenas sete meses, em 1991, por oficiais militares e esquadrões da morte que, mais tarde, se descobriu estarem a soldo da Agência Central de Inteligência dos EUA. Agora Aristide quer retornar ao seu país, algo que a maioria dos haitianos reivindica desde o seu derrube.

Mas os EUA não o querem ali. E o governo Preval, que é completamente dependente de Washington, decidiu que o partido de Aristide - o maior do Haiti - não será autorizado a concorrer às próximas eleições (previstas originalmente para Fevereiro).

O medo que Washington tem da democracia no Haiti talvez explique o porquê de os Estados Unidos agora estarem a enviar 10 mil soldados e priorizando a "segurança", em lugar das necessidades de vida ou morte dos milhares de pessoas que precisam de atendimento médico urgente.

Na manhã de domingo, o mundialmente renomado grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras queixou-se que um avião transportando a sua unidade hospitalar móvel foi obrigado pelos militares americanos a mudar de rota, passando primeiramente pela República Dominicana. Isso custaria 24 horas cruciais e um número desconhecido de vidas.

Essa ocupação militar por tropas dos EUA vai suscitar outras preocupações no hemisfério, dependendo de quanto tempo elas permanecerem - assim como o modo como a ampliação recente da presença militar dos Estados Unidos na Colômbia tem vindo a ser recebida com insatisfação e desconfiança consideráveis.

Organizações não-governamentais vêm levantando outras questões sobre a reconstrução proposta: compreensivelmente, querem que a dívida remanescente do Haiti seja cancelada e que sejam feitas doações ao país, e não empréstimos (o FMI propôs um empréstimo de 100 milhões de dólares). As necessidades da reconstrução chegarão a milhares de milhões de dólares.

Será que Washington vai incentivar o estabelecimento de um governo que funcione? Ou vai impedi-lo, canalizando a assistência por meio de ONGs e assumindo ele próprio várias outras funções, devido à sua oposição de longa data à autonomia do Haiti?

O Brasil não segue a linha de Washington na América do Sul nem, mais recentemente, o fez nas Honduras, "quintal" dos Estados Unidos - onde o governo brasileiro defendeu em vão a restauração da democracia após o golpe de 28 de Junho, e a administração Obama, não.

Por que não defender a democracia também para o Haiti, mesmo que Washington seja contra?

Mark Weisbrot, doutor em economia pela Universidade de Michigan, é codirector do Centro de Pesquisas Económicas e Políticas, em Washington.

Tradução de Clara Allain.

19 de Janeiro de 2010

Publicado em: CEPR - Center for Economic and Policy Research

Fonte: esquerda.net
_________________

[*] Mark Weisbrot é co-director do Centro de Pesquisas Políticas e Económicas de Washington, DC El recibiu o seu doctorado en Economía pola Universidade de Michigan. El é coautor, con Dean Baker, da Seguridade Social: A Crise Phony (University of Chicago Press, 2000), e ten escrito varios artigos de investigación en materia de política económica.
______________________________

Un interesante dossier especial en esquerda.net:

O holocausto haitiano

Dez dias depois do terramoto que arrasou o Haiti, ainda não se sabe quantas pessoas morreram, a ajuda chega apenas a conta-gotas, os riscos de epidemias são cada vez maiores. O povo haitiano continua a morrer por causa do terramoto, mas também em consequência de séculos de exploração colonial.

Começamos este dossier recordando a Revolução haitiana (1791-1803) que levou à eliminação da escravatura e ao estabelecimento do Haiti como a primeira república governada por um descendente africano. Em seguida, Bill Quigley afirma que os EUA devem milhares de milhões ao Haiti. E Peter Hallward afirma que se quisermos ajudar seriamente este devastado país, temos de desistir de controlá-lo e de explorá-lo.

Ashley Smith questiona: Ajuda humanitária ou ocupação militar?  Já Greg Palast denuncia que para Robert Gates, secretário da Defesa de Obama, trata-se da segurança em primeiro lugar. Blackwater antes da água potável.

E Gustavo Toshiaki escreve sobre A Economia Política do desastre no Haiti. É preciso defender a democracia no Haiti, lembra Mark Weisbrot. O deposto presidente Aristide quer retornar ao seu país, algo reivindicado pela maioria dos haitianos, mas os EUA não o querem ali. E politicamente, o que acontecerá ao Haiti? Pode parecer preocupação excessiva pensar isso agora, mas não é, defende Werner Garbers.

Terminamos o dossier com a tão falada questão da segurança: Jeremy Scahill denuncia que as empresas de segurança privada dos EUA já se apressam a oferecer "serviços" e Francisco Peregil mostra como o director da principal companhia de segurança privada do Haiti justifica as execuções de delinquentes em plena rua face à inoperância policial.

___________________________________

domingo, xaneiro 17, 2010

Haití: Morrer nun terremoto é cousa de pobres


Por Bernardo Gutiérrez [*]
17.01.2010


O 17 de Outubro de 1989, San Francisco sufriu un forte terremoto. A súa magnitude foi de 7,1 na escala Richter, moi similar ao sufrido por Haití fai uns días (7,3). Morreron 60 persoas. O 19 de setembro de 1985 México foi golpeado por un terremoto devastador dunha magnitude nunca vista, 8,1 graos na escala Richter. A megapoblada e pobre Cidade de México sufriu un golpe durísimo. O número de mortos ascendeu a 7.000. Que curioso: parece que morrer nun terremoto é cousa de pobres. Canto menos recursos ten un país, máis persoas morren. O de Haití, onde os mortos poderían chegar a 200.000, vai camiño de convetirse no máis letal da historia. En Xapón, un tremor de 7,2 graos de intensidade, como o do 17 de xaneiro de 1995 en Kobe, provoca 5.600 mortos. En Haití, trémea terra e os miserables bidonvilles , barrios de casas de hojalata, se demoronan como un castelo de naipes, como conta Liberation (francés). O mundo, en masa, acudiu en masa a axudar ao primeiro país libre de América Latina. Pero dubido moito que alguén do máis alto escalafón vaia á raíz do problema. Que ninguén asuma a responsabilidade colectiva da traxedia. E moito menos que reconstrúan o país con outra orde de relacións co mundo. FronteraD fai un interesante repaso histórico de Haití: "En 1790 a entón Saint Domingue era o orgullo das finanzas francesas. 12.000 persoas libres -entre brancos e mulatos- xestionaban o traballo de 500.000 escravos. As 13 colonias que entón tiña Inglaterra (Estados Unidos) non xeraban tantos ingresos a Londres como esta diminuta media illa". Francia, que agora pide condonar a débeda, sentou as bases do seu desenvolvemento sobre a miseria de países esquilmados sobre Haití. Desde que o xeneral Jean Jacques Dessalines declarase a independencia en 1804, 23 tiranos, inspirados nos seus mestres franceses, desfilaron polo poder. Entre eles, o clan dos Duvalier. François Duvalier, Papa doc, e o seu fillo Jean Claude, Baby doc, exiliado na súa vida de luxo parisiense, saquearon as arcas do país. Pero hai moitos máis. A Casa Branca ordenou unha estupenda invasión de Haití en 1915, para pacificar as súas cidades, cobrar as débedas do Citibank e arranxar aquela Constitución que prohibía a venda de plantacións aos estranxeiros. Non foi a única vez: papa Bush apoiou o golpe de estado contra Jean-Bertrand Aristide en 1991 do xeneral Raoul Cédras. O seu fillo, Baby Bush, recortou a axuda a Haití. E, por que non, apoiou outro golpe de estado no ano 2004. Bill Clinton, o presunto salvador que apoiou a restitución de Aristide, apontoou á semi-illa obrigándoa a aceptar as duras medidas neoliberais que fracasaron en toda América Latina. Pero dá igual. Quen mellor que os gurús Bill Clinton e George Bush para axudar a Obama nas tarefas de reconstrución de Haití? Quizá, para estudar a folla de ruta, deberían analizar o terremoto de 8,4 graos de maginitud que arrasou Sicilia en 1268, na idade media á que foi condenado a vivir Haití, esa era tenebrosa onde os pobres morrían como cascudas ao máis lixeiro tremor da terra.

[*] Bernardo Gutiérrez (Madrid, 1975), fotografo e xornalista.


Web profesional
http://www.bernardogutierrez.es/
e Blogue
http://alfacentauro.info/
_______________________

sábado, xaneiro 16, 2010

Haití: A continuada catástrofe dun pobo



"As mortes violentas aquí son mortes naturais.
Morreu froito da súa contorna
."
Dr. Magiot en "Os Comediantes" de Graham
Greene

Estimadas amigas e amigos,

Non hai palabras que poidan describir a catástrofe. Como adoita suceder, a pobreza e as carencias básicas multiplican os danos dos fenómenos naturais. O que noutros países sería unha traxedia, en Haití é o acabose. Unha nación cuxa historia é unha secuencia interminable de desgrazas na que se mesturan colonialismos, ocupacións militares, saqueos de recursos, devastación forestal ou furacáns. Agora, como acorde final dunha tráxica partitura, un terremoto que aniquila vidas e termina por destruír o pouco construído. A miseria convértese en nada. Á dor súmase a certeza de que dentro de 10 días, os medios de comunicación, as cancillerías, case todo o mundo, comezarán a esquecerse dos haitianos, outra vez librados á súa propia e terrible sorte.

Carlos
Redacción de SERPAL
Servizo de Prensa Alternativa.


HAITI: a continuada catástrofe dun pobo.
Por Carlos Iaquinandi Castro, redacción de SERPAL.
13.01.2010

Faltaban poucos minutos para as cinco da tarde cando o chan en Porto Príncipe, capital haitiana, comezou a sacudirse como unha xigantesca alfombra. Edificios e febles e precarias vivendas caeron no medio de berros e expresións de angustia. Rapidamente instalouse o horror, o medo, o desconcerto entre a poboación. O territorio máis empobrecido e abandonado de América Latina, converteuse nun gemido colectivo. Unha parte importante das súas case dez millóns de habitantes perdeu as súas poucas pertenzas. Ao momento de redactar esta crónica, non se sabe cantos miles de persoas morreron baixo os cascallos ou como consecuencia de diversas feridas. Todos os gobernos, en especial os dos países desenvolvidos anuncian o envío das súas axudas. Pero 24 horas logo da traxedia, os xornalistas que intentaban cruzar a fronteira da illa desde a República Dominicana, relataban que os postos permanecían pechados e afirmaban que a capital, situada a só 15 kms do epicentro do terremoto e as súas réplicas permanecía illada. A carencia de infraestruturas básicas dificultará e nalgúns casos fará imposible que a axuda máis elemental chegue a quen o necesitan.

O terremoto rexistrou unha magnitude preliminar de 7 na escala Ritcher de 1-10 e segundo os primeiros datos dos científicos parece haberse producido sobre unha falla xeolóxica na que unha de dúas superficies adxacentes verticais desprazouse horizontalmente sobre a outra. Centros de estudos xeolóxicos e sísmicos dos Estados Unidos indican que é o terremoto máis forte que ocorre en Haití desde o ano 1770.

Prólogo ao novo desastre

Os nosos irmáns haitianos viven unha das traxedias máis graves da súa dolorosa historia, iniciada co coloniaje e a explotación imposta por dous imperios, España primeiro, Francia despois. Esta última non perdoou a heroica independencia da primeira república negra en 1804 e aplicou logo leoninas indemnizacións que Haití debeu pagar durante case medio século. Os enfrontamentos entre os ex escravos que residían nas zonas rurais e a elite mulata das zonas urbanas derivaron nunha inestabilidade permanente. Aos motines e golpes palaciegos, sucedéronlle dúas ocupacións militares norteamericanas para defender os intereses das súas propias empresas e apoderarse do control aduaneiro. Despois veu a terrible ditadura de Francois Duvalier, co terror cotián da súa propia milicia, os "tonton macoutes", sucedido polo seu fillo que prolongou o despotismo familiar (1957-1986). En tempos máis recentes, a frustrada esperanza en Aristide, o cura adscripto á teoloxía da liberación que liderou un proceso de cambio democrático, pero que terminou acusado de corrupción e autoritarismo como os seus antecesores. Os sucesos que precederon ao seu abandono do cargo e do país, deron lugar a unha intervención de forzas das Nacións Unidas como "misión de Paz", e o compromiso de asistencia de axuda internacional. Transcorridos varios anos, os bos propósitos demostraron ser insuficientes. A estrutura estatal mantense baixo mínimos grazas ás achegas do exterior. A corrupción corroe os mecanismos de axuda, mentres unha elite privilexiada e absolutamente minoritaria controla economicamente o país. O 4 % da súa poboación controla o 64% da súa riqueza.

Organismos e comisións internacionais reúnense periodicamente, pero os resultados non se corresponden con tanta deliberación nin espazo mediático. A propia forza militar da ONU foi reiteradamente acusada de diversos delitos, incluíndo desvío de diñeiro en beneficio propio, represión indiscriminada ou violacións de mulleres e nenos. Tras a chegada dos "auxilios" da forza internacional, o desemprego e a miseria seguen aumentando, do mesmo xeito que a débeda externa do país. Os escasos e últimos servizos públicos privatizáronse e restrinxido a quen economicamente poden acceder a eles. Empresas estranxeiras, en especial canadenses, norteamericanas, francesas ou brasileiras, explotan os recursos naturais. Decenios de políticas neoliberais destruíron a capacidade produtiva nacional. En 1970 Haití producía practicamente o 90% da súa demanda alimentaria, e actualmente, importa case o 55 %. Nas últimas décadas, estímase que máis de dous millóns de haitianos radicáronse no exterior, fuxindo da miseria e da falta de futuro. O número total é impreciso, pero soamente en Estados Unidos calcúlase que viven alí un millón e medio de haitianos. Outro número importante vive e fai os traballos máis duros na Rep. Dominicana. O envío de remesas de diñeiro ao seu país (uns 700 millóns de dólares) é a principal entrada de divisas e é a vía de subsistencia de milleiros de familias.

O xornalista español Vicente Romeu, que estivo en Haití en varias oportunidades nos últimos anos, recordaba hoxe que en cada viaxe atopou unha situación peor que a anterior. Preguntábase que será dos miles de poboadores de Citei Soleil e outros barrios misérrimos que perderon o pouco que tiñan. Evocaba zonas devastadas polos 2 furacáns e 2 tormentas tropicais que azoutaron o país no 2008. Xa naquel entón, as axudas demoráronse e os poboadores vagaban polas rúas desconcertados, sen rumbo. Afirma Romeu que a mellor descrición da situación da xente entón, foron as palabras do camarógrafo de Televisión Española que lle acompañaba quen tras tomar as últimas imaxes expresou: "xa podo dicir ás miñas fillas como é o inferno e onde está". O xornalista redondeou estes apuntes indicando que é imposible que podamos imaxinar a dimensión da situación actual, tras a enorme catástrofe, por máis que vexamos imaxes ou escoitemos relatos.

Haití ten algo menos de dez millóns de habitantes. Deles, máis da metade vive con menos dun dólar diario. Case un 80 por cento da súa poboación vive baixo o nivel de pobreza. O país carece practicamente de infraestruturas. Só 2 de cada 10 habitantes ten algunha forma de traballo remunerado. A renda anual per cápita é de 450 dólares (Banco Mundial, 2005). A superficie forestada é de só un 2%. Máis do 80 por cento da poboación está desocupada ou con tarefas ocasionais. Os poucos traballos relativamente estables son os postos do aparello estatal e os das explotacións cafetaleras, de mango e outros cultivos. Salvo edificios oficiais, relixiosos e os dalgúns grandes empresas ou comercios, as construcións son precarias e a maioría das vivendas son de chapas, madeiras ou cartóns. Hai pouco máis dun ano unha escola derrubouse sen terremoto algún provocando case un centenar de mortos, a maioría deles nenos. Imaxinemos o efecto do sismo e as súas réplicas. Cando a Natureza golpea á pobreza, os danos e a dor multiplícanse.

Tres millóns de afectados

Os primeiros relatos testemuñais indican que centos de miles de persoas pasaron a noite á intemperie na área da capital; porque as súas casas derrubáronse total ou parcialmente, ou porque temen novas sacudidas. Moitos deles sofren un shock que practicamente os mantén ausentes da realidade. Outros intentan organizar o rescate de miles de persoas que teñen feridas abertas ou fracturas ou se atopan atrapados por cascallos. A capacidade asistencial normalmente moi reducida, está totalmente excedida. Responsables gobernamentais pediron que un barco hospital de gran capacidade atraque en Porto Príncipe. O coordinador de Médicos Sen Fronteira na capital haitiana Hans van Dillen indica que hai milleiros de persoas feridas nas rúas con traumatismos, queimaduras ou feridas diversas que non poden recibir asistencia. Afirmou que dous dos tres hospitais existentes resultaron moi afectados polo terremoto, e engadiu que as instalacións desta ONG son das poucas que se atopan operativas. É urxente dispor de albergues provisionais, garantir a subministración de auga potable e tomar medidas urxentes para previr a propagación de enfermidades e infeccións. O Comité Internacional da Cruz Vermella estima que os efectos do terremoto afectan de diversas formas a uns tres millóns de persoas.

O Palacio Presidencial, unha das construcións máis notables da capital derrubouse parcialmente; tamén quedaron destruídos polo sismo a Catedral e a sede da Misión de Estabilización das Nacións Unidas. Entre as vítimas recoñecidas, os partes oficiais mencionan ao xefe da misión da ONU, o tunisiano Hedi Annabi e o arcebispo da capital, Sergi Miot. Pola súa banda, Brasil confirmou a morte da misioneira Zilda Arns, de 75 anos. Médica pediatra de profesión, participaba dun encontro no que se discutirían métodos para combater a desnutrición infantil. Arns, fundadora da Pastoral de nenos en Brasil, era irmá do arcebispo emérito de Sao Paulo, cardeal Paulo Evaristo Arns, un recoñecido defensor dos dereitos humanos durante a ditadura militar que gobernou ese país entre 1964 e 1985. Tres dos mellores hoteis da capital, derrubáronse parcialmente. Nun deles figura como desaparecida a esposa dun xeneral chileno que integra a forza das Nacións Unidas en Haití. Pero estes apuntes refírense á zona céntrica da capital, onde están as construcións máis sólidas e onde existían algunhas infraestruturas propias dunha zona urbana. Pero a centenares de metros esténdense barrios onde as vivendas son elementais, precarias e carécese dos servizos básicos, como o caso de Citei Soleil. Alí o drama é pavoroso. Practicamente nada queda en pié. A xente deambula con rostros de angustia ou desconcerto entre corpos de mortos e feridos.

Hoxe Haití volveu ás primeiras planas dos diarios e a encabezar coas súas desoladoras imaxes os telexornais en todo o mundo. A nova catástrofe, o terremoto máis devastador en 240 anos é o triste mérito para esa reaparición. Moitos descubrirán a realidade daquel país insular, ata agora vagamente recoñecido como un lugar distante e exótico. Se teñen interese e un mínimo de paciencia, asomaranse á súa dolorosa historia, desde o parto como primeira república negra do planeta, unha loita dos escravos que liderados por Toussaint Louverture derrotaron a Napoleón ata os nosos días.

Ese pobo irmán necesita hoxe a solidariedade internacional, non só a dos gobernos que pronto esquecerán a traxedia e moitos incumprirán -como tantas veces - os seus compromisos humanitarios proclamados, senón a dos pobos. As de todos os que sentimos esa dor como propio, como parte dos que sofre a nosa América Latina en busca dun futuro mellor. Como escribiu fai anos Noam Chomsky : "Nas nosas vidas o paraíso atopado por Colón e que enriqueceu a Europa pode converterse nun deserto desprovisto de vida. Nunca é tarde para deter ese destino. Se chega a ocorrer, os poderosos non terán ningunha dificultade en lavarse as mans de toda responsabilidade; os que se beneficiaron dunha boa educación poden escribir o guión agora mesmo. Se chega a ocorrer, só poderémonos culpar a nós mesmos".

_________________________________

13 de Xaneiro de 2010
Enviado por SERPAL
Servizo de Prensa Alternativa
Subscrición gratuíta a
c.e. serpal@wanadoo.es

www.serpal.info
_________________________________________________

* SERPAL non necesariamente comparte na súa integridade os artigos que publica e cuxo autor e orixe xeralmente indícanse. A liña editorial de SERPAL, en todo caso, queda expresada na presentación que adoita prologar os artigos, ou na información preparada exclusivamente pola nosa redacción.
_____________________________________________________

* Atención: SERPAL non envía correos con arquivos adxuntos aos seus subscritores. Se reciben algún con esas características non é enviado por SERPAL. Grazas.
_____________________________________________________

* Subscricións gratuítas: solicitalas ao e-mail: serpal@wanadoo.es Por favor, citar cidade e país de residencia, e mencionar se o subscritor ten algunha actividade social ( sindicato, asemblea, movemento, organización campesiña, estudantil, etc.) Grazas.
_________________________________________________________

Se Ud. comparte a importancia de difundir o contido deste texto, fotocópielo, circúleo por Internet, difúndao por todos os medios. Grazas. SERPAL, Serv. Prensa Alternativa. /


Contra o silencio dos cordeiros, comunicación alternativa
________________________________

xoves, xaneiro 14, 2010

Haití



Por Juan Torres López [*]
14.01.2010

Fai catro anos escribín este artigo. Agora a miña alma treme de novo pensando outra vez en tanto sufrimento.

Haití: o inferno é este mundo


Cando escribía estas liñas calculábase que máis de mil setecentas persoas morreran en Haití por mor das choivas. As organizacións internacionais de axuda que traballan alí estiman que as mortes multiplicaranse cando se estendan as infeccións.

É lóxico que isto último ocorra nun país que apenas se ten sistema sanitario. En 2002, o gasto en saúde per capita foi de 56 dólares, cando en España foi aproximadamente de 1600.

Sen que ocorran as desgrazas destes últimos días, a esperanza de vida sa en Haití é das máis baixas do mundo: uns 43 anos, mentres que en España é de máis de 72 anos. A mortalidade infantil foi de 139 por cada 1000, cando en España é de pouco máis de 4. No noso país temos uns 4 médicos por cada 10.000 habitantes, en Haití hai 0,2. Alguén pode estrañarse entón de que as choivas, por suaves que fosen, convértanse nunha auténtica masacre? Aínda por riba, o Fondo Monetario Internacional impuxo recortes nos gastos sociais e a débeda externa (ás veces para pagar créditos que nin sequera chegaron a Haití) é economicamente extenuante. Só para facer fronte aos intereses dedícase o dobre que o que se gasta en sanidade.

Como sempre que ocorren estas cousas, a tendencia xeral é a pensar que se trata dunha desgraza natural máis que cae sobre territorios ou nacións que pola súa intrínseca miseria e pobreza están sempre condenados ao sufrimento e á necesidade.

Isto é certo no caso de Haití pero só desde un certo punto de vista.

É verdade que hoxe día Haití é o país máis pobre do hemisferio norte. Dos seus oito e pico millóns de habitantes calcúlase que uns 3,8 non dispón de ingresos suficientes para sobrevivir e que 2,4 están en situación de insuficiencia alimentaria crónica. O 50% está desempregado e un 52% en situación de pobreza. Os que traballan non están en mellores condicións. Na capital, Porto Príncipe, o 92% dos empregos son informais; no conxunto do país un 60%.

As imaxes que vemos do país son as dun territorio miserable, sen riqueza algunha, cheo de sucidade e fame.

Por iso a moita xente resúltalle sorprendente saber que Haití non foi sempre un país pobre nin moitísimo menos. Todo o contrario. Cando era colonia francesa proporcionaba a Francia máis ingresos que todas os seus demais colonias xuntas. Alí florecían as artes e era a colonia máis rica do mundo. A súa cidade emblemática, Cap Français (agora Cap Haitien), era coñecida como o París do Novo Mundo.

A dominación española fora tan desastrosa e cruenta que despobló o país case por completo e os franceses repoboárono con escravos negros. En 1789 as ideas da liberdade, a igualdade e a fraternidad estalaron na metrópoli e os escravos tiveron a ocorrencia de crerse que iso ía tamén con eles, os negros. Logo de levantamentos e revoltas en 1804 aboliuse a escravitude. Antes ata que en Inglaterra, que o fixo tres anos máis tarde aínda que, por certo, con tan escasa convicción que houbo de reiterar a abolición en 1832. Este ano cumpriuse, xa que logo, o segundo centenario da súa independencia, da proclamación do primeiro xefe de estado negro da historia moderna. Celebrouse con sangue.

A partir de entón comezaron os grandes dramas de Haití. A igualitaria e revolucionaria Francia non lle recoñeceu a independencia e esixiulle altísimas compensacións. Estados Unidos combateuna desde o principio e decretou sucesivos bloqueos e embargos. O doutra banda tan reputado Thomas Jefferson dixo que "había que confinar a peste naquela illa". En 1915 foi invadida por Estados Unidos que en 1918 obrigou a cambiar a súa Constitución porque prohibía vender terras aos estranxeiros. Cando lograron cobrar as débedas dos seus bancos os norteamericanos deixaron Haití en mans de ditaduras sanguentas e miserables, como a dos Douvalier pai e fillo, durante a que morreron asasinadas centenares de miles de persoas. En Haití houbo 42 presidentes e deles 29 foron asasinados e só 2 foron elixidos lexitimamente. Como di Eduardo Galeano, "a Haití, os marines sempre regresan, como a gripe".

Cos marines chegaron ademais as políticas neoliberais. Xa con Douvalier obrigouse a que desaparecesen as defensas comerciais e iso permitiu que Estados Unidos colocase alí os seus excedentes agrícolas. Era o que buscaban. Cando era colonia, Haití producía moito para proporcionarlle ingresos á metrópoli, agora importa o 70% dos alimentos que consome. pasou de ser produtor e gran exportador a converterse no cuarto importador mundial de arroz, sobre todo procedente de Estados Unidos. Iso é o que provocou que a poboación que traballaba no campo, un 70% do total, arruinásese case por completo.

As empresas norteamericanas utilizan a súa man de obra baratísima en industrias de embalaxe e de pouco valor engadido, nas chamadas maquilas, que son verdadeiros antros de explotación e morte. Segundo un informe do National Labor Comitte de Estados Unidos, máis da metade das plantas maquiladoras están contratadas por firmas como Sears, Wal-Mart ou Disney que pagan menos da metade do estipulado, esixen xornadas semanais de ata 70 horas e contratan habitualmente a nenos. Non respectan o medio ambiente e os ecosistemas están esnaquizados. Aínda que o nome de Haití significa "terra de montañas" hoxe día só lle queda un 3% da súa antiga superficie forestal.

Mentres tanto, e segundo o ex embaixador na Dominicana, desde Haití sae un 40% da cocaína que se consome en Estados Unidos, en operacións procedentes case sempre de Colombia e das que os servizos secretos deben ter bo coñecemento. O Wáshington Post chegou a publicar o nome dos militares e matóns implicados no tráfico. Quen queira entender o que ocorre en Haití debe analizar, pois, a natureza e vinculacións dos circuítos internacionais do crime e a droga. E os poderes que hai detrás de todo iso.

É materialmente imposible resumir nunhas liñas a historia de infamias, saqueos, crimes e desgrazas que balizan a historia deste fermoso país, da perla que encandeou a Colón e que agora sofre de novo. Aqueles escravos creron que o soño da liberdade estaba escrito tamén para os negros e os seus amos brancos non llo perdoaron nunca. Crearon un inferno onde se matan entre eles e onde, ademais, esnaquízaos unha choiva que en lugar de apagalas aviva as chamas.

Fonte: juantorreslopez.com

[*] Juan Torres López, Granada -1954-, Doutor en CC. Económicas e Empresariais, exerce na Universidade de Sevilla como catedrático de Economía Aplicada do Departamento de Teoría Económica e Economía Política. Escritor, investigador, analista de política económica e activista social. Manten unha páxina web (Ganas de Escribir: www.juantorreslopez.com) e coordena a páxina web dedicada a información económica www.altereconomia.org.
__________________________